![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNAN6CoUO7MYjhOAcF_AVVBtc8u6NzEzwpfh5eMcRCfNptj6NqnJ92lM4rrr26RoOFZnOz0FyxQsXId9ryAuh79j8kc10vfv0og59yULbgIMn6jcdi6iu6dPOIS6z3oM9Jq7dJaGtJfEs/s400/por+ela.jpg)
cortou o cabelo
fez a barba
e passou a escovar os dentes três vezes ao dia
por ela
comprou quatro camisas sociais brancas
duas calças cinzas
e um sapato marrom
por ela
trocou o rabo de galo pelo campari
a cerveja por um suco de laranja sem açúcar
e a feijoada pelo sushi
por ela
correu dez quilômetros numa chuva fina e fria
atravessou três sinais vermelhos na avenida sinuosa
bateu o carro seminovo no ônibus que virava a rua
a cem metros do prédio de grades azuis e jardim de gerânios
onde seu amor morava
por ela
desmaiou enquanto a sirene da ambulância irritava os raros fregueses da padaria recém-inaugurada
acordou na asséptica sala do pronto-socorro do velho hospital do bairro
e recebeu pinos de titânio no braço magro em que havia tatuado o nome daquela que seria a sua mulher
Nenhum comentário:
Postar um comentário