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Quanta responsabilidade!
Foi então que Soninha tomou uma decisão.
Iria trabalhar.
Secretária, recepcionista, quem sabe vendedora de uma butique de luxo.
Pediu conselhos para as amigas, chegou até a telefonar para dona Alzira, ex-professora que era como sua madrinha.
E assim, com toda essa ajuda, preparou um currículo caprichado.
Não esqueceu de acrescentar um toque pessoal:
"Alegre, comunicativa, simpática e de fácil relacionamento."
Leu e releu. Mostrou para a mãe - teve vergonha de levar para o pai.
Dona Lindinha até que gostou, mas fez, séria, uma observação:
- Põe uma foto sua, Soninha. Vai ajudar, você é tão bonita...
Soninha pensou, pensou e achou que era uma boa ideia.
Betinho, o rapaz do 75 que tinha uma queda por ela, foi quem tirou a foto.
Fez pose de moça séria, deu um sorriso cheio de esperança.
Faltava apenas mandar o currículo.
Betinho ajudou também nisso: tinha computador e foi fácil arranjar uma lista de empresas, do comércio, de advogados, médicos, dentistas, todo mundo da cidade que pôde encontrar.
E o currículo entrou na rede.
Dia seguinte, Soninha, com o coração batendo mais forte, abriu seu e-mail no computador da lan house do bairro.
Duas mensagens.
Uma pedia que ela fosse, na terça-feira, a uma entrevista numa fábrica de autopeças que ficava do outro lado da cidade. Recepcionista. Tinha boa chance de conseguir o emprego.
Foi a outra, porém, que mudou sua vida.
"Soninha, você é linda. Não sei dizer mais nada além disso. Quero muito conhecê-la. Sou solteiro, bispo da igreja evangélica Deus na Terra, da Vila Bueno. Acho que você é a resposta às minhas preces. Eu só peço que você responda a este e-mail. Precisamos nos encontrar. Um beijo do sempre seu, Luís."
Anexada à mensagem estava uma foto do bispo Luís.
Soninha respondeu - com alguns erros, perdoáveis, de digitação -, marcou um encontro e viu que a foto do bispo Luís não lhe fazia justiça. Era mais velho pessoalmente, mas muito distinto.
Namoraram pouco - só seis meses. Depois se casaram.
Com as bençãos de dona Lindinha e seu Oswaldo. Até o irmão aprovou.
Mas o bispo Luís insistiu numa coisa: Soninha não tinha nada de trabalhar fora de casa.
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