Nana nenê


Ele se lembrava.
Cada amigo que encontrava olhava e dizia que estava magro.
Mas e as dores que sentia? E as horas que tinha de passar sentado no trabalho, a cabeça a mil, o corpo inteiro a reclamar por um momento de paz?
Agora estava em paz.
Agora tudo era passado.
Ele se lembrava.
As frases gentis, os olhares dissimulados, o espanto estampado nos rostos.
Tudo era passado.
Uma enfermeira gorda e baixa entrou, olhou para ele e deu um sorriso vago.
– Tá na hora do remedinho. Abre a boca pra eu dar.
E as pílulas nem gosto ruim tinham!
Questão de tempo.
Dormiria em breve. Um sono com sonhos. Alguns bons, alguns maus.
Sonhos, apenas.

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