ODE À DESESPERANÇA


Onde era para haver silêncio
há um estouro do escapamento 
de uma moto desvairada
e onde era para haver ninguém
há um casal de braços dados
amorosamente ligados 
no seu amor à morte.

O nosso tempo não admite 
senão isso senão essa
intransigência à plenitude
essa implicância à satisfação 
esse gemido de dor.

Onde era para haver vida
há somente a vaga esperança
de que dias melhores virão.

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