TIQUE NERVOSO


Tinha um tique nervoso que cobrava seu preço a todo instante. 
A cabeça se levantava impertinente, sempre agredindo quem estivesse à sua frente. 
Era irritante como todo movimento que se planeja para não falhar.
Ou como um pêndulo que vai e volta e depois se atrapalha e se enrosca em seu próprio mecanismo.
Certo dia, porém, no desespero de se controlar, fez um esforço tal que sentiu todo o pescoço estalar.
Faíscas riscaram seu cérebro, pontadas dilaceraram sua nuca, e ele deixou escapar, numa vozinha atônita e ceifada de ar a sua sentença final:
- Puta que pariu, doeu pra caralho, mas nunca mais!
E daí em diante passou a girar a cabeça de lá para cá, de cá para lá, sem ter nenhuma vontade de parar.

Nenhum comentário: