VIAGEM PELO ARCO-ÍRIS


Falava pouco, ria menos e passava os dias a caminhar sozinho.
Certa vez choveu muito, até que as nuvens foram embora e o sol chegou.
E um enorme arco-íris atravessou a cidade de ponta a ponta.
Ele, que seguia distraído por uma rua estreita e íngreme, perseguiu as cores como um predador fareja a presa e assim andou, andou por horas.
Até que tropeçou num pote de ouro.
Rodopiou e caiu como um balão murcho no chão duro.
Foi uma queda e tanto.
Tão violenta que seu corpo se entregou ao cansaço e ele placidamente adormeceu.
Quando acordou, era noite e estrelas cadentes riscavam o céu.
Tantas e tantas que perdeu a conta.
E ao amanhecer, com o cheiro da vida à sua volta, já havia se esquecido de onde estava.
Ou como chegara ali. 
Mas não se importou. 
O mundo começava, enfim, a fazer sentido.



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