O FELIZ NATAL DE PAPAI NOEL



Papai Noel chegou em casa arrasado. 

Doía tudo, da cabeça ao dedão do pé.

Também, pudera.

Doze horas sentado naquele troço que chamavam trono, se segurando para não ir ao banheiro, aguentando centenas de crianças no seu colo.

E as bobagens que ouvia delas, então...

Papai Noel abriu o casacão vermelho que revelava a sua barriga falsa, tirou a barba branca que coçava sua cara toda, jogou no canto os sapatos pesadíssimos que estrangulavam seus pés, e por um instante se sentiu reconfortado por ser o que era nesses dias de loucura, de gente indo e vindo, de jingle bells insuportáveis, de luzes e mais luzes pulsantes e tremendamente irritantes.

Papai Noel, por um instante, se sentiu no Polo Norte, longe de tudo.

- Ei, João, que folga é essa? Vem aqui me ajudar a lavar a louça!

Papai Noel, obediente, se levantou, se arrastou até a cozinha, a apertada cozinha de sua humílima casa na periferia paulistana. 

Papai Noel arregaçou as mangas do casacão vermelho e mergulhou as mãos na água fria que jorrava da torneira da pia lotada de pratos, copos, panelas, talheres, a sujeira acumulada desde ontem. 

Foi então que Papai Noel desejou a si mesmo um feliz Natal.

Nenhum comentário: