Era para ser o dia depois da noite
mas acabou sendo que a noite
não se deu por vencida e encheu
de escuridão o que era o dia
Houve gemidos houve gritos
mas nenhum foi mais forte
que a risada histérica
a gargalhada estrondosa
que ninguém entre os vivos
teve a coragem de ouvir
Era para ser uma madrugada
silenciosa e cheia de vazios
que se acabava com o galo cantando
e a estridência das ruas coloridas
Mas o que veio depois foi
o indisfarçável cheiro da carniça
o indescritível medo da morte
o inútil pedido de socorro
O sol não passa de uma promessa
sem caráter
sem sentido
sem vergonha
sem luz
Nenhum comentário:
Postar um comentário