CHICLETE E CAFEZINHO



A moça do quiosque de doces era ruiva, gordinha e simpática. Ela pegou os dois chicletes e antes de embrulhá-los, virou para o rapaz de camisa amarela que os havia comprado e disse:
- Nossa como você é parecido com meu noivo! É impressionante, não é? - perguntou para a amiga, morena e baixinha, vendedora da loja de roupas, que lhe fazia companhia naquele corredor quase vazio do shopping.
- É, sim, é muito parecido - disse a amiga.
Ele pagou os chicletes, pegou o troco, e antes de ir embora, perguntou para a moça ruiva, gordinha e simpática do quiosque de doces:
- Não casou ainda por quê?
- Ah, ele precisa se ajeitar. Está montando um negócio com os amigos, quem sabe daqui a uns meses...
- Bom, então eu desejo boa sorte - e foi andando devagar.
Resolveu tomar um café, mas antes olhou no caixa para ver se a loirinha que achava uma graça estava lá.
Afirmativo.
- Oi, por favor, um expresso puro - pediu.
Assim que ela lhe deu a ficha, tomou coragem:
- Olha, me desculpa, mas você é muito parecida com uma namorada que eu tive. É impressionante a semelhança.
- Nossa que coisa - ela disse.
- Será que é só coincidência? - perguntou.
Ela deu um sorriso e isso foi o bastante. Ficaram conversando até que apareceu um freguês. Ele prometeu voltar no dia seguinte para outro café. Ela disse que estaria esperando.
Ele foi embora pensando em que roupa ia usar. Tinha uma camisa verde novinha, pronta para ser estreada.