SEM PARAR


Furava os semáforos vermelhos igual faca cortando manteiga.
Colava na traseira de quem ia na frente e piscava os faróis até passar.
Pegava a contramão com a inocência das crianças travessas.
Andava na faixa dos ônibus na cidade e nos acostamentos nas estradas.
Não suportava ficar atrás de carro nenhum.
Estacionava nas vagas para idosos no shopping.
Um dia comprou o Sem Parar e no feriado desceu para o litoral.
Excitado, entrou no pedágio a quase 100 por hora.
Quebrou a cancela, quatro dentes e teve escoriações feias no braço direito.
Pior: trocou o capô, o para-brisa e os dois espelhos.
Mais a multa, levou um prejuízo de R$ 5 mil.
E enquanto o sol brilhava na Baixada, ele via na Globo o seu Tricolor perder para o Coringão.
Com dois gols do Ronaldo, o gordo Ronaldo.

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