QUARTETO DE CORDAS


O quarteto sempre havia se dado bem.
Até o dia em que o segundo violino esticou a corda demais - o primeiro violino achou aquilo um insulto.
A viola se incomodou e entrou na discussão: reclamou uma autoridade que foi contestada pelo grave violoncelo.
No meio da sonata o pau quebrou feio.
E não houve Brahms que desse jeito nem Beethoven que consertasse o estrago ou Mozart que restabelecesse a ordem.
A paz chegou apenas quando baixou um Pixinguinha com seu jeito manso de insinuar a melodia e sua maestria em prever o tempo certo para qualquer compasso.
Ou seja, o recital teve um fim imprevisto, mas satisfatório.
E todos voltaram felizes para casa.
Menos o piano, que permaneceu mudo, porque não tinha nada a ver com aquela confusão toda.




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