PORRADA


Era ruim de pequeno. 
Botava fogo em gato, cortava rabo de lagartixa, maltratava o irmão menor e chutava a perna da mãe quando ela lhe dava umas palmadas.
Grande, sempre que podia, continuava com as maldades.
Passava com seu carrão por debaixo de um viaduto quando viu dois sujeitos mulambentos deitados debaixo de um cobertor imundo.
Parou o carro, desceu e foi falando:
- Olha aqui, uma nota de cem reais para quem ganhar uma luta entre os dois. É vale-tudo mesmo, quero ver sangue.
Os dois se olharam, se levantaram, foram se chegando meio desconfiados e, quando estavam bem pertos, encheram o playboizinho de porrada.
Ele ficou no chão, sangrando e gemendo.
Perdeu a nota de cem, a carteira com mais 250, todos os documentos e, é claro, o carrão preto quase novo, que só viu arrancar num tranco e sumir na avenida longa e deserta.



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