Uma rosa vermelha

A igreja estava lotada, mas fedia incenso e flores. As luzes ardiam nos olhos de tão fortes. O padre falava e ninguém escutava.
Essa menina eu conheço bem, não vale nada.
Vagabunda é o que ela é.
Mas vai se arrepender de casar com esse cara, um zé mané.
O som do órgão até que lembrava uma música. O burburinho que vinha da porta atrapalhava quem queria ouvir o padre avisar que a vida nova que começava para os noivos exigia muita responsabilidade e tal e tal e tal.
Quero ver depois se ela vai ter coragem de olhar pra mim.
Quero ver depois se ela vai ter coragem de olhar praquele trouxa do marido e dizer que gosta dele como gostava de mim.
Quero ver depois se ela vai ter coragem de olhar no espelho e dizer que fez o certo.
A cerimônia acabou, finalmente. Os noivos foram andando, devagar, sorrindo, lindos, em direção à porta de entrada da igreja.
Pararam ao lado, a fila de cumprimentos foi ficando cada vez maior.
Um beijo, outro beijo. Muitos beijos.
Um estrondo. Um grito, outros gritos.
A menina virou para a mãe e só soube dizer:
- Olha mamãe, brotou uma rosa vermelha no peito da noiva.

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